quarta-feira, 17 de julho de 2013

Dichote, chufa, gracejo, ludíbrio, joguete, in-di-re-ta.

   Poderia inclusive contar-lhe uma história. A história de um sonho que tive há muitos anos e que, inocente, pensei que fosse mentira. Certos sonhos na cabeça de uma criança, e principalmente uma criança como eu fui, podem-se simplesmente se perder no tempo do crescimento, ou, como aconteceu, acompanhar durante a vida toda. A história pode começar como se começa qualquer história: era uma vez.
   Era uma vez, Eu, uma adolescente com espinhas e problemas de auto aceitação. Típico, claro, tema de filme adolescente. Eu tinha muitos amigos, Eu era inteligente na escola, Eu era apaixonada. Apaixonada? Sim. Não vá me dizer que era pelo capitão do time de futebol da escola? Não. O capitão do time de futebol da escola Eu não conhecia. Mas sabia que a maioria do time de futebol da escola não era formada por aqueles gurizões bonitos e descontraídos que vão à festas e comem menininhas igualmente populares nos filmes que passam na Disney Channel (embora a parte de comer menininhas não esteja explícita). Aqueles meninos eram só meninos que, como Eu, tinham espinhas na cara e problemas de aceitação. Eu era apaixonada. Mas Eu não era apaixonada por qualquer bonitinho, Eu era apaixonada por qualquer menino. Ele não tinha espinhas na cara e problemas de aceitação, ou talvez tivesse, mas Eu não sabia. Conversavam todos os dias e Eu queria que fossem amigos. Eu conseguiu que eles fossem amigos, Eu era egoísta e gostava de ter o Qualquer Menino por perto o tempo todo. Mas Eu se sentia frustrada porque não conseguia controlar toda a vida dele. Eu queria mais. Então inventou de não ser mais amiga dele, p'ra ver se funcionava. Funcionou, esse Qualquer Menino sentiu tanta falta que a Eu quase achou que podia se declarar. Hoje Eu e ele parecem duas estátuas quando estão perto do outro e quando falam parece que passaram a noite toda treinando suas falas de tão superficial que é. Eu não tem mais espinhas e agora se aceita um pouco melhor e o Qualquer Menino tem barba na cara e agora é Qualquer Homem. Só que quando Eu e o Qualquer Homem foram se encontrar pra me revelar o desfecho da história um Cara Qualquer me acordou. Aí eu não sei o que aconteceu com Eu e o menino-homem por quem era apaixonada. Acho que eu nunca vou voltar a sonhar com esses dois. Aquele cara qualquer não me deixa dormir pra sonhar. Mas tanto faz. Se alguém aí souber, pode contar pra mim. Tem qualquer coisa nesse menino-homem que deixa até a mim intrigada, imagina a Eu.

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