sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Então era isso?

   Peço licença para falar da preocupação mais pessoal que já exteriorizei via internet: há alguns dias venho pensando nos meus 18 anos:  na festa de aniversário, onde vai ser, como vai ser, quem vou chamar. Ontem, durante uma aula com um dos professores mais maravilhosos que já tive na vida, tive uma epifania. Poxa, pra quê vou comemorar a saída de uma fase tão maravilhosa quanto a infância? É triste. Antes eu estava tão ansiosa, tão perplexa com a ideia de que eu não iria mais apresentar outras identidades em portas de baladas que esse insight momentâneo quase me fez cair para trás. Estou caminhando rumo a melancolia. Em breve, não é que verei as coisas de outro jeito, mas serei obrigada a ver as coisas de outro jeito. Estou acostumada com aquela ideia de ser "madura demais para minha idade"; virou quase um título. Tipo o da Hermione: "das bruxas de sua idade você é a mais inteligente que eu conheço" (ah, se eu fosse como a Emma, ou se pelo menos estivesse em Hogwarts, eu estaria no último ano me preparando para as N.I.E.M.'s). Esse título que eu ganhei vai se dissolver com a idade, nessa idade que nada do que eu fale ou faça impressionará, pelo contrário, será o esperado. Eu vou ter que inventar outros jeitos de impressionar, mas o que? Entrar na faculdade com 16 anos foi o meu ápice, mas e agora, com 18? Estar na faculdade com 18 é o esperado, agora tudo que eu faça será o esperado, nada mais que a minha obrigação. Mas, Nalua, pare de ser tão trágica. É, é fácil falar para quem ainda não percebeu que deixou para trás todas as desculpas de ser criança, as justificativas pelas merdas que fez, a convivência aceitável com gente tão mais nova. Não, não faz sentido. Vou reformular: é fácil falar que sou trágica para quem ainda não percebeu que sua infância, sabe aquela legal, cara? Ela morreu.

Desculpa pelo desabafo sem nexo, este post evitou que eu batesse minha cabeça na parede até, finalmente, perceber que a fase que vem por aí vai ser bem mais produtiva que os últimos 17 anos e quase 6 meses. E que, afinal, eu não preciso impressionar ninguém, apenas curtir e quebrar barreiras pessoais. Obrigada, caras, obrigada.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Crença

Se for verdade o que dizem, nesta semana você não dormiu, de tanto que pensei em você. Você pronunciou meu nome incontáveis vezes, pelas vezes incontáveis que falei em você. Você pensou, ainda que sem querer, em mim, de tanto que eu quis te ter.

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A pedra

Era uma vez uma pedra
pra cá e pra lá ela rolava
"nunca fui feliz na vida" dizia ela
e tonta ela já estava

Um dia a pedra dormiu
acordou no bolso de um garoto
"agora é que eu morri", #partiu
Mas, dentro do bolso, gostou do balanço

Sonhou que estava no céu
Mas no céu ela não estava
A pedra agora o dia passa
como peso de papel.


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Tão verdade quanto meu olhos são castanhos


Pausa pro Leminskão

ai daqueles
que se amaram sem nenhuma briga
aqueles que deixaram
que a mágoa nova
virasse a chaga antiga

ai daqueles que se amaram
sem saber que amar é pão feito em casa
e que a pedra só não voa
porque não quer
porque não tem asa

_Paulo Leminski

Soneto de contrapartida

Veio como chuva, de repente, fulgaz
Veio veloz, trouxe euforia, levou lágrimas
Não penetrou agonia, a dor ficou lá atrás
Passou feroz, estasia, expulsou lástimas

Não lastima essa vida vazia.
A chuva contradançou e me levou
Escorreu como água nos olhos e não cegou
Agora, plena de amor.

De mãos dadas, brinca de roda
Jamais houve alguém que tanto gosta
de gostar de brincar de amor

 Derrubou o rei, virou a dama
encharca drama
a pele inflama.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Desopressão (s.f.) Alívio, desafogo.

   "Ele disse "eu sempre ganho nessa" e eu simplesmente não tive reação. Imaginei aquele sorrisinho torto, charmoso e sarcástico naquele olhar penetrante e desconcertante. Tive coragem apenas de rir. Como é que pode alguém que escreve  não conseguir se expressar? Ele esperava de mim uma resposta que não fosse vazia, talvez uma resposta que dissesse tudo em poucas palavras. Mas eu não dei. Sempre me orgulhei de saber escrever, de tirar o máximo dos significados das palavras que eu escrevo, é por isso que eu sempre preferi cartas a ligações. Eu nunca soube falar. Contudo, as palavras deixam tudo subjetivo demais, elas têm um milhão de significados e, as vezes, quem lê não interpreta da mesma forma de quem escreveu. Por isso que eu olho. O meu silêncio sempre vem cheio de palavras e no meu olhar sempre está assustadoramente explícita a verdade. 
   Ele mudou de assunto e eu tive vontade de jogar o notebook da janela. Mas se assim eu fizesse perderia as poucas chances de conversa, perderia os poucos minutinhos dos quais me lembraria a semana toda até, na outra semana, achar um outro assunto para começar outro diálogo. Ele mudou de assunto e eu fiquei implorando para ele poder ver meus olhos e saber que o que eu queria não era apenas dar sorrisinhos constrangidos. Mas ele estava muito longe. Longe demais para os nossos olhos se alcançarem."

Poderia ser um trecho de um best seller ruim, mas é só mais um trecho do best seller ruim que virou minha vida.
 É ridículo, eu sei, mas eu sinto tua falta.

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

Não se confia em um homem com fome

Deixe suas necessidades nas mãos dessa mulher
Confie sua vida sem fazer apostas
Ela seria a única que não te daria as costas
Deixe que ela te ouça, que te console
Que cuide do seu coração
Que cicatrize suas feridas
Logo, logo ela te deixará aberto novamente, então
Porque nela há pedidos que você não consegue saciar
Então ela te abandonará à sorte
Porque não se confia em uma mulher com sede
Nem em um homem com fome.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mão.

Mão de segurar mão
Mão de segurar rancor
Mão de segurar papel
Mão que parece céu
Mão que faz carinho
Mão que dá arrepio
Mão que retira espinho
Mão que faz poesia
Mão que leva à boca a linha
Mão que acaricia
Mão de pianista
Mão de guitarrista
Mão de vocalista
Mão de trabalhador
Mão que protege os olhos
Mão que segura amor
Mão, sua mão.

A um passarão

A um passarinho

Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
Se foi por um verso
Não sou mais poeta
Ando tão feliz!
Se é para uma prosa
Não sou Anchieta 

 Nem venho de Assis.

Deixa-te de histórias
Some-te daqui! 

Vinícius de Moraes

Que foi? Eu não te disse que poeta alegre não escreve, não?
Mas acalma esse teu coração.
Sabendo bem quem é o responsável pela minha alegria
Já já tem mais poesia.

sábado, 10 de agosto de 2013

A história do "tem que deixar ir"

   Eu tinha dois passarinhos, um gatinho e um cachorrinho.
   Mantinha todos presos em gaiolinhas e cada vez que eles tentavam fugir eu enchia de armadilhas para que eles acabassem se machucando e voltassem para mim, acreditando que fora dos meus cuidados eles seriam maltratados pelo mundo.
   Um dia eu levei uma bronca; me disseram que quanto mais eu trancava as portas das gaiolinhas, menos eu realmente os tinha.
   Então numa noite eu fui dormir sem trancar as gaiolinhas e os passarinhos e os gatinhos fugiram. O cachorrinho não, o cachorrinho ficou. Foi direto para minha cama dar lambidinhas no meu rosto. Eu pensei que era para me avisar que os outros tinham fugido, mas não, ele só queria dizer que ele estava ali para sempre se eu quisesse.
   O gatinho sumiu por uns tempos, depois voltou. Não sei o porquê, mas voltou. E eu realmente percebi que o amava e que sentia sua falta. Ainda sinto quando ele some por um tempo (ele sempre vai embora para depois voltar).
   Os passarinhos não. Os passarinhos não voltaram.
   Mas eu só pude comprovar nessa história é que é verdade que tudo que a gente joga no mar, e que pertence à gente, Iemanjá devolve. Mas não porque a gente possui, mas porque a gente ama.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Amor te é morte

"Amo a morte porque viver dói. Quando você morre toda a dor acaba."
Jim Morrison em The Doors - The Film.

Morte
Amor
te A mo
r te
dói
Amor
te 
dói 
A morte 
é dor
Amor
te é morte.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

A musa.

   Tem certos ventos que nos atraem tantas coisas boas quanto os ventos que tiram coisas de nós. Naquela tarde o vento era próspero. Talvez seja porque no campo eu ache que nunca nada de ruim pode me agarrar pelo pé e me pendurar de ponta cabeça no mundo, no campo o capim é paz e correr descalço é tão comum que não faz nem poesia. Naquela tarde os ventos prósperos me levaram até aquelas pedras onde o córrego cristalino de água deixava uma trilha de promessas boas, prometia, primeiramente, me levar a uma cachoeira. E a vista das quedas era de tirar o fôlego. Sentada nas pedras, meditando sobre a vida, cruzei seu olhar emergir da água. Quem se assustou mais, eu ou a ninfa, não sei, mas eu caí na água também.Quando voltei à superfície não era uma, e sim centenas de milhares de luzinhas rodeando minha cabeça e eu ouvia suas risadas como sinos. As ninfas, as musas, as fadinhas, coloridinhas e sapecas sapecando pela água, pela natureza. Essas que rodearam a cabeça de Homero, de Dante, Velazquez e da Vinci, de Goddard. Essas com quem apenas sonham Hichcock e Tarantino. Pequenos seres de luz, mitológicos, magníficos, vindo em minha direção, para me inspirar, para me dar toda a genialidade das maiores personalidades da humanidade. Vindo. Me atacar. Bicadas, mordidinhas, puxõezinhos de cabelo. Elas vieram apenas para levar embora o pouco de serenidade e criatividade que eu tinha. Acéfala, desmemoriada, um ser comum, pereci no fundo daquelas águas, que depois a mim vieram se revelar nada mais que esgoto a céu aberto.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Un cœur brisé

   C'était une jeune fille douce comme le miel, mais seulement Dieu et elle savent l'effet d'un cœur brisé. Maintenant, elle ne vous regarde pas comme vous voulez, mais avant elle donnerait sa vie pour obtenir ton regard. Peut-être, si vous avez essayé cela donnerait... Mais n'essayez pas, garçon, son cœur est dur comme de la glace.