quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Desopressão (s.f.) Alívio, desafogo.

   "Ele disse "eu sempre ganho nessa" e eu simplesmente não tive reação. Imaginei aquele sorrisinho torto, charmoso e sarcástico naquele olhar penetrante e desconcertante. Tive coragem apenas de rir. Como é que pode alguém que escreve  não conseguir se expressar? Ele esperava de mim uma resposta que não fosse vazia, talvez uma resposta que dissesse tudo em poucas palavras. Mas eu não dei. Sempre me orgulhei de saber escrever, de tirar o máximo dos significados das palavras que eu escrevo, é por isso que eu sempre preferi cartas a ligações. Eu nunca soube falar. Contudo, as palavras deixam tudo subjetivo demais, elas têm um milhão de significados e, as vezes, quem lê não interpreta da mesma forma de quem escreveu. Por isso que eu olho. O meu silêncio sempre vem cheio de palavras e no meu olhar sempre está assustadoramente explícita a verdade. 
   Ele mudou de assunto e eu tive vontade de jogar o notebook da janela. Mas se assim eu fizesse perderia as poucas chances de conversa, perderia os poucos minutinhos dos quais me lembraria a semana toda até, na outra semana, achar um outro assunto para começar outro diálogo. Ele mudou de assunto e eu fiquei implorando para ele poder ver meus olhos e saber que o que eu queria não era apenas dar sorrisinhos constrangidos. Mas ele estava muito longe. Longe demais para os nossos olhos se alcançarem."

Poderia ser um trecho de um best seller ruim, mas é só mais um trecho do best seller ruim que virou minha vida.
 É ridículo, eu sei, mas eu sinto tua falta.

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