quinta-feira, 6 de junho de 2013

Leitura.

Era como se me arrancassem das nuvens e me devolvessem a elas a cada cinco segundos, a cada duas palavras. Me agarrei ao físico para recuperar a concentração e ergui os olhos do chão para fazer leitura labial. Péssima ideia. O efeito de sua boca era pior que o efeito de suas palavras. Tentei seu olhar. Se aquela ideia era péssima, esta então! Voltei ao chão, mas eu tenho medo de altura. Eu não pisava no chão, tampouco estava nas nuvens. Num arrombo de coragem me joguei batendo os pés na areia. Fugi do trepa-trepa do parquinho e fugi da chance da leitura dos meus olhos. Mais uma vez.

Bad trip.

Enquanto a sensação de que estou sendo seguida permanecer me seguindo
Vou continuar fazendo de conta que não estou sendo percebida
Ser invisível é demasiado fácil, mesmo que eu não seja.
Permaneço querendo-me; mantendo-me em constante recuperação de espírito
Se é que entendes-me.
Consigo manter o mundo fora do meu mundo
E com um simples estalo na língua consigo tudo o que quero sem realmente querer
Mesmo que aquilo não seja real.
Pereço a esmerar a morte tão obtusa e distante da realidade
A odeio.
A morte?
Óbvio que não. A realidade.
Por mim a trip caberia ao eterno
E eu, sem realidade, passaria a ser alucinação
Penso, logo, existo?
Eu penso que não.