segunda-feira, 8 de junho de 2015

Do inferno ao ordinário

De noite, deitada na cama, senti braços gelados me segurando muito forte e me prendendo e me afundando no colchão. De repente tudo era gelado. Quando consegui me libertar, me debati nas paredes feio barata de asas.
Quando acordei, de manhã, apesar do sol amarelo vibrante no meio do céu azul limpinho, meu quarto era nublado. E eu não fiz mais nada. 
Inútil, eu ouvi. 
Você não tem força de vontade, eu ouvi.
Levanta. Tem aula. Procure emprego. A aula. Tá todo mundo falando. Vai.
PRE
GUI
ÇO
SA.
Você tá engordando. Você emagreceu demais. Parece doente.
É porque não faz
NA
DA.
Nada, Luana, nadei num mar gelado e dolorido. Sem saber nadar, boiei. Tô a deriva esperando salvação, com medo de me mexer e me afogar, porque eu tenho medo do mar. Porque eu não sei nadar. 
Tô num buraco fundo e gelado, com medo e sem reação. Na linha dos lábios eu peço silenciosamente e desesperadamente por socorro, mas as pessoas ouvem preguiça. 
Eu preciso de ajuda.
O buraco chama depressão.