quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Selfie

   "Eu já estava tomando banho frio. Tipo, gelado mesmo. E nem isso dava jeito no calor. Fiquei quarenta minutos embaixo da água e o espelho do banheiro não embaçou, assim pude ver minhas olheiras. Meus olhos eram duas crateras escuras, fundas demais, eu mal via meus olhos. Há dias que eu não dormia e eu acho que é porque eu me acostumei a sentir seu cheiro durante o sono. Metade das noites eu passo acordada e a outra metade eu passo lutando contra os pesadelos. Eu durmo na sala e acordo na cama, mas eu estava sozinha em casa, o que significa que meu sonambulismo atacou de novo. Esquizofrenia, lágrimas. Eu acordo chorando todo dia. Reabilitação, por favor, estou viciada. 
   Passei maquiagem porque com o rímel vem a minha dignidade, esta que eu perdi quando te conheci. Por fora eu desejei bom dia sorrindo, por dentro eu estava arranhando as paredes em aflição. O colírio disfarçou meus olhos de choro. Eu estou bem, juro. 
   Coloquei roupa nova, saia branca e blusa azul, óculos de sol para não irritar ainda mais meus olhos de colírio que disfarçam o choro. Peguei o celular e saí no vento para espairecer. Eu chorei tanto por você esta noite, ouvindo as músicas que me fazem lembrar de você, ouvindo suas músicas, essa sua voz que ecoou nos meus sonhos após ter adormecido. 
   Ele estava lá me esperando no lugar combinado, pontual e sorridente. Foi pra compensar os carinhos que você não me deu, eu juro. Eu estava me sentindo sozinha, eu juro. O beijo dele é melhor que o seu, mas é com você que eu sonho, eu juro. O abraço dele é mais forte e o cheiro dele me deixa tonta, é verdade. Ele pega na minha mão pra andar na rua, me dá beijo na testa e na boca, faz carinho no meu cabelo em público e me deixa sempre um passo a frente dele, mas eu prefiro seu beliscão, eu juro. Foi por amor a você que dei pra ele, eu juro."

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Feliz natal!

   Estou bêbada.
   Não pense que meu natal está sendo animado. Na verdade, está como em todos os outros anos. Na verdade, está faltando uma peça. Não, graças a Deus, ninguém do dia de natal morreu. Ainda.
   Estou vendo minha mãe fazendo o pavê, mas nenhum tio vai perguntar se ''é pavê ou pá cumê", porque passamos o natal sozinhos há anos. Sozinhos. Sete pessoas sozinhas numa casa no meio do centro. Sozinhos com nossos pensamentos do ano que passou até ali, sozinhos com nossos sentimentos tristes e melancólicos de como seria se a família estivesse bem das pernas. A verdade é que ninguém faz muita coisa para aposentar as muletas. Nem eu, good boy, nem eu. Acho que os domingos de advento são sempre mais divertidos, embora este ano eu tenha até esquecido do que é domingo de advento. A família tem uma tradição de pré e pós natal, de montar a árvore, de enfeitar, de acender as velinhas por quatro domingos na mesa de jantar, de colocar panetone embaixo da árvore cheia de pisca piscas. Depois esperar o Dia de Reis para comer bolo, tomar champanhe e guardar toda aquela bugiganga. Mas no dia 24 e no dia 25 somos múmias estáticas esperando alguém que nos salve. Estamos imóveis com uma ceia de natal sabendo que vai sobrar muita comida para o dia seguinte. Que vamos sobrar inteiros para o dia seguinte.
   Estou bêbada.
   Mas só estou testando se tonta consigo escrever melhor. 
   Na próxima vez eu tento com maconha.
   Mas eu queria mesmo lsd. 
   Aliás, feliz natal.
   E não espere um post meu no Reveillon. Porque no Reveillon não vai sobrar nada de mim.

domingo, 22 de dezembro de 2013

Saudade

Passei dias olhando pela janela
A visão turva do vidro embaçado
Garoa fina no jardim
transformava as árvores em garras
Árvores sem folhas, peladas
a balança pendurada no galho
esperando uma criança que cresceu
que deixou para trás o monumento
objeto inanimado cheio de lembranças.
A balança só balançava com o vento
Dias Sozinho
Isso não faz bem pra ninguém
A saudade de momentos bons
transformam sonhos em pesadelo

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Tanto quanto tarde

Eu não conseguia me livrar das cordas
mas sentia o cheiro do perfume das flores
a liberdade se aproximava, agora
e eu ouvia o ruído do mar
me chamando, me puxando para o fundo
sentia os pés na areia
Com os olhos fechados, com a boca cerrada

As cordas estavam ali
me prendendo numa ilusão cruel
e o paraíso tão perto de mim
numa pretensão cuja intenção não era identificável

Eu sentia o cheiro das flores
mas observava outras pessoas no jardim
enquanto eu estava presa por cordas invisíveis
achando que era ele quem me mantinha ali
mas quando vi
ele dançava em meio ao perfume
e quando eu percebi que era eu quem me prendia
já era tarde demais.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Retrospectiva 2013 (eita, Luana! Issssso, vai nos rolê!)

   Menos um ano de Letras.
   O diabo é que eu tenho a impressão de que conforme os anos forem passando, o débito vai aumentar. E os quatro anos e meio de Letras, vão ser capazes de virar oito.
   Saldo do ano: disciplinas atrasadas e pança de cerveja.
   Ah, a faculdade!
   Acho que se eu for seguir carreira acadêmica, acabo contraindo uma dst em umas das festas do DCE famigerado ou contraindo uma pança à la meu pai. Daquelas durinhas e bem redondinhas, branquinhas e reluzentes (Deus me livre! Cadê o Wilheim ((meu personal)) pra me passar uma daquelas séries milagrosas da academia?).
   Falta uma prova ainda, uma prova que eu não queria fazer, eu deveria ter reprovado direto. Mas minha consciência não vai deixar eu me livrar dessa porcaria de sintaxe mais de uma semana antes do Natal. Sexta-feira eu vou lá, fazer exame final, depois de estudar dois dias a fio e na terça-feira tamo aí, enchendo o * (insira aqui um sinônimo bem feio pra ânus) de cerveja e comendo o peru da vó (atenção, peru, não piru). Mas tudo bem, só os campeões vão pra final!
   Se eu tenho esperança de passar? Meu, eu fui pra final! Não vou ser hipócrita, no fundo eu tenho, sim. É menos uma disciplina atrasada e faz toda diferença no final do meu curso.
   Não sou caloura mais, não tenho desculpas mais, não posso mais me fazer de boba. Daqui a pouco eu faço 18 anos. Mas eu já contei minhas neuras com idade aqui. Perdi meu RG e minha carteirinha de estudante. Tô puta até agora. 
   Perdi a cabeça, o juízo e a dignidade. E vou botar a culpa na faculdade pra sempre, também. 
   Eu cresci e estou numa piscina de merda, sem saber nadar e sem ter pra onde correr.
   Mas eu não reclamo. Sexo tá tendo, cerveja tá barata, recebi meu décimo terceiro e sou vulgar por opção. Quando eu cansar desta posição eu mudo e ninguém vai nem lembrar do que um dia eu já fui. 
   Só não estou conseguindo resolver problemas do coração, mas tudo bem, isso aí eu desconto no blog.

Violeiro

   De repente, tudo ficou meio sustenido.
   Eu não sei ler partituras, pois é, então fiquei confusa quando disseram que minha vida era representada numa. Essa história de "tudo ficou sustenido" parece ser ruim. Mas e se for bom e eu estou aqui reclamando?
   Ele que disse que minha vida estava virada numa partitura. Mas vindo de um músico que estava aprendendo a ler partituras, eu imagino que foi no sentido pejorativo. Acho que ele fez uma piada sobre a confusão que eu faço com tudo. Era tão simples eu pegar sua mão e deixá-lo me conduzir. Mas é música demais na minha vida e de repente me veio o medo de estar escolhendo a música errada, a música ruim.
   "Deixa eu te ensinar uma coisa de violeiro de estrada, Luana, não é dos acordes mais complicados que saem as músicas bonitas. Você pode me deixar compor uma canção com dois acordes para você e nós dois deixaremos ele se complicar com os arranjos tão difíceis quanto a cabeça dele."
   Eu ri. Tinha como não rir? Nesse ímpeto, nessa surpresa de saber que todo mundo sabia da minha vida melhor que eu.
   "Você está enganado." Mas eu sabia que ele não estava. Mesmo não sabendo chongas dessa coisa de violeiro de estrada, eu sabia do que ele falava. E eu sentia, com todo o meu coração, com toda a minha vontade, que ele tinha razão. Então só por aquela noite eu deixei que os dois acordes me encantassem, era um violão e uma viola, vinho, cigarro e todo o céu ao nosso dispor numa madrugada de sexta-feira.
   E eu, eu era toda estrelas.

O diário do moço dos cachinhos

   "Ela demorou pra dormir.
    Eu, com meus braços envoltos nela, oscilava entre a consciência e os sonhos, mas eu sabia que ela estava acordada. Com medo.
    Eu estava mal, mal porque meus braços não lhe eram suficientes, mal porque o sexo há pouco findado não lhe foi tão bom, mal porque ela pensava em outro, mal porque não era ali que ela queria estar e, principalmente, mal porque outra pessoa a chamava. Mesmo longe, ele chamava. E ela iria até ele pela manhã, como ela fazia agora numa frequência de todas as semanas. 
    Ela iria. E eu, quando o sol saísse, teria que fingir não me importar, fingir indiferença, fingir que ela não faria falta por janeiro inteiro, que não sentiria seu cheiro na minha cama em todos os dias do próximo mês. Enquanto ela, depois do banho, nem se lembraria tanto de mim. O creme dental tiraria meu gosto da sua boca e até o próximo sábado todas as marcas que não chegariam a virar hematomas sairiam de seu corpo. 
    E eu aqui, sentindo o cheiro do seu perfume doce de café no meu travesseiro, lembrando do último abraço quando ela falou o nome dele. E fingiu que eu não tinha ouvido. 
    Cigarro, vinho e café. 
    Suportar sua ausência em janeiro, foi por nosso bem.
    Você lembra dele na melodia, eu lembro de você.
    A última vez foi doce, para não amargar tanto quando eu te ver partir."

Moços de letras não choram,
moços de letras escrevem.
E eu gostaria de escrever você.
Sim, foi por nosso bem. ♥

domingo, 15 de dezembro de 2013

Leia

Há uma poesia em minha alma que já é definitiva,
impossível de ser transcrita,
declamada com os olhos ela é acusadora, infinita, explícita.
Desnecessário botá-la no papel
ela é suficiente em meus gestos
me transborda, me plena, me plana
ela me é e eu a sou.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Partiu-se


Em quantas mentiras mais vai insistir
qual história agora vai inventar
pra justificar esse medo de ficar
pra esconder a vontade de não partir

Quantos dedos ainda vai levantar
gesto este que manda eu me calar
e não gritar pro mundo todo o que você quer ouvir

A quantos mais vai me entregar
fingindo não se importar
dizendo que não quer ficar aqui

Onde mais vai me esconder
pensando falsamente que ninguém vê
o reflexo no espelho que te fez sorrir

Quantas letras escreveu
que mais parecem orações
suplicando não se envolver
implorando não sentir

Prefere não se entregar
 não vê que já teve fim
mentiu pra todo mundo
mas não vai mentir pra mim

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Sol de três da manhã

Indefinido
Indeferido, prossigo
Sem vontades levadas em consideração
Insisto
Porque é melhor ter isso
Do que não ver nada, cegar por orgulho
E ser mal visto
Visto que agora as coisas mudaram
A quimera acontece
A utopia é mundo real
E a noite já amanhece. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Metade

Acordei querendo falar
atrasada como sempre,
hoje não teve café na mesa
unhas vermelhas descascadas
duas ou três meias lembranças intensas
não lembrava de tudo com nitidez
acho que a ansiedade embaçou minha visão
os olhos não enxergavam com clareza
abri então os olhos do coração
A alma morreu,
a alma morreu!
Que alguém leve esse corpo, por favor.
De que adianta meias verdades,
meias mentiras,
meia salvação, meia vida.
desviei o rosto pra não ver a bagunça dos lençois
não quero sofrer com a falta que você faz
não quero conviver com a confusão que você me traz
Tô esperando minha alforria
tentando ignorar a euforia
de cada palavra que você diz
Eu não sei o que você quer
Tudo bem, eu não sei o que eu quero
Eu quero que o silêncio não me enlouqueça
eu não quero ouvir zumbir
A alma morreu,
a alma morreu!
De que adianta meias verdades,
meias mentiras,
meia salvação, meia vida.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Lolita

Piscou seus olhos de apagar a luz do dia
e eu consegui ouvir o farfalhar dos cílios
anoiteceu o sol da minha alma
o sorriso desenhado da doce menina

Pousou as mãos de seda em meu joelho
e ofereceu o peito em afeição
seu olhar me tirou o jeito
entregue ao pecado e à tentação

Moça dos cabelos de fogo
tuas cores me levaram às ruínas
caí na inocência do teu jogo
pelo teu convite me fascina

a melanina da minha pele não me bastou
e a experiência me levou à cova
em tua pele alva que a devassidão disfarçou
o diabo me pôs à prova

mulher já nasce sabendo tentar
e ignora a idade que tem
nenhum homem vai escapar
não importa de que lugar vem

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Amor livre (reflexão)

   Fiquei pensando no conceito de amor livre após levar na cara de hipócrita (hipócrita é o caralho, inclusive!) por alguém que nem parou pra pensar no que significa essas duas palavras.
   Amor livre, aliás, o que significa?
   Liberte-se dos rótulos, liberte-se dos conceitos sexistas, liberte-se da vergonha. Amar sem vergonha o amor-sem-vergonha, não ter medo de aceitar as qualidades e amar os defeitos. Não julgar. Fazer o que te dá vontade quando você se sentir à vontade. Amar pessoas, não gêneros. Amar pessoas e coisas e gêneros. Beijar aqui, ali, depois mais pra baixo (mas só se você quiser). Monogamia, bigamia, poligamia, gamia nenhuma desde que você e as outras gamas estejam em comum acordo. Porque é comum. Amar mais de uma pessoa é normal. 
   É normal amar assim?
   Não. Normal é botar rédeas no coração. Se sentir livre pra amar é hipocrisia. 
  "Criança não ama!" Ama sim, desgraça, ama mais que você. "Velho não precisa de sexo!" Precisa e tá fazendo mais que você. "Sou assexuado, não quero relação com nenhum dos gêneros." Não tem problema, vamos ouvir música, ver filme, se você não quiser me comer, a gente come uma pizza. 
   Eu me sinto livre porque eu amo. Existe frase mais clichê? E qual é o problema com os clichês? Eu me sinto livre porque eu amo com 17 anos, eu me sinto livre porque eu deixei livre para que a pessoa escolhesse ficar comigo ou não e quando ela escolheu não eu me libertei para continuar amando outras pessoas mesmo sem deixar por completo esse outro amor de lado. Eu amo com paixão, com 17 anos, com hipocrisia, por que não? Eu amo com entrega, porque paixão meia boca não me interessa.
    Eu não tô na idade de ser fria. Aliás, idade nenhuma é idade de ser frio.
   A liberdade do amor está no que você quer fazer para amar.
   Eu amo, amo a liberdade que o amor livre me dá.

O mês do amor

   Hoje é dia 03 de dezembro, mais precisamente 09h44 da manhã. Gostaria de lembrá-los que falta 18 dias para o verão. Só 18 dias. 
   Isso significa que não tem mais tosse, não tem mais rinite, não tem mais casalzinho grudadinho de amorzinho porque o verão tá chegando e, com o sol, chega a praia, as festas, curar ressaca de caipirinha com cerveja (quem é que namora nessa época né) e logo, logo tem carnaval. 
   E é, com muita alegria, que comunico que sobrevivi à primavera.
   Sobrevivi não sem algumas marcas, mas sobrevivi e cheguei ao meu segundo mês favorito do ano: dezembro, o mês do amor.
   Mês que a gente começa no gás tentando salvar o semestre nas últimas provas, trabalhando feito louco e conciliando tudo isso com festinhas de confraternização até do inferno com a presença ilustre do diabo que fica meio loucão depois das três da manhã. E depois do dia 23, dia da preparação oficial pro natal, a gente come até ter a sensação de que vai encostar na língua e sentir a última garfada de comida que engoliu, e aproveita as férias do jeito que nos deixa feliz. 
   O que eu vou fazer este ano eu não sei. Por enquanto eu estou tentando salvar meu semestre, trabalhando feito louca e conciliando tudo isso com festinhas de confraternização que, no caso, quem aparece é o meu chefe e fica muito louco depois das três da manhã. 
   Talvez eu vá pra praia dar uns beijos nos caras que até então estavam namorando e eu estava cobiçando, talvez eu cure ressaca de caipirinha com cerveja, talvez eu vá no pré-carnaval e dê pt na casa do meu melhor amigo. Talvez eu esteja a fim de só passar em casa vendo filme e série. 
   Talvez.
   Sei lá. 
   Dezembro é o mês do amor, afinal. Mas dezembro é o último mês da vida que eu estou levando agora. As coisas vão mudar e eu sinto isso, então talvez eu só queira aproveitar o marasmo que eu não tive durante os onze meses anteriores.
  Na verdade eu acho que já fiz nos onze meses o que as pessoas esperam pra fazer no décimo segundo. Acho que agora eu só tava a fim de sossegar.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Descontrole

   Ah, madrugadas vazias de devaneios que nem poderiam imaginar qual vento apontaria a nós naquela noite fria. Eu estava muito louca, ou tinha sol às três da manhã? Então de onde vinha aquela luz toda que de repente apagou todas as sombras projetadas em nós durante todos esses anos? Pra onde foram os disfarces, os silêncios, as mentiras? As pedras duras colocadas sobre fatos com o café e os cigarros em cima da mesa numa manhã de domingo? "Eu não quero que você fique triste", ele dizia. Mas como entristecer se eu não preciso mais mentir? Será que ele não vê o alívio que senti ao saber que ele sabia sem que eu precisasse despir a verdade nos primeiros raios de sol às seis da manhã?
   O resto, o que vem depois, não importa tanto assim como importava naquela hora. Pensando bem, aqui no meu silêncio, o que importa é minha reclusão no casulo que faz sumir tristezas. O que vem depois... Ah, o que vem depois é fruto do nosso descontrole.

Parece naufrágio, mas é amor (o que é quase a mesma coisa)

É como viver à deriva
ter os olhos fechados no balanço
os lábios secos pela brisa
é naufragar no mar manso

Achar que foi encontrado
e ser perdido no abismo,
na imensidão machucado,
tempestade sem aviso.

Procurar apoio em gravetos
ignorar o resgate,
ser salvo no último momento.

Mas nós não temos nenhuma culpa
O amor é que é uma coisa cruel
e absurda