terça-feira, 30 de abril de 2013

cry baby

A cama era quente,
o beijo era quente,
a pele era quente,
o abraço era quente.
Quase incendiou.
Baby, tudo era quente
e até o sol esquentou.
Inverno.
Inferno na cama,
mãos dadas, apertadas.
Baby, chega de drama.
Tudo era quente,
menos o meu coração.

sábado, 27 de abril de 2013

Reivindico meu direito de não rimar


Nesta poesia não há rimas
E talvez nela, nunca houve.

As palavras combinadas, as rimas
não são nada mais que palavras combinadas.
Musicalidade poética e tristonha, apenas.
Poucas vezes um poeta alegre escreve.

Um poeta alegre sente. E guarda a alegria para ele.
Porque um poeta que é poeta alegre sabe:
A alegria é um sentimento precioso demais para ser esbanjado em apenas palavras.
Amor, eu não sei ao certo quando as rimas da poesia se perderam.

Mas se não há rima na poesia, a gente vive uma vida rimada.

Meio soneto


Mulher ladra,
mulher insana.
Mulher que ladra.

Bem acho que todas são assim:
um pouco mulher cruel,
um pouco mulher querubim. 

Pseudônimo: saudade II


E a tua ausência presente em tudo
E a tua presença presente na tua ausência
E a tua ausência desmoronando tudo
E a tua presença ausente do mundo.

Pseudônimo: saudade


O tempo passa tão rápido
Que mal pisquei e você já passou
Já foi embora e eu não vi você passar
Agora não passa nem você, nem saudade
Nem v o n t a d e de te ver.

Picuinhas que o outono reivindica

   Eu queria saber qual é a desse medo idiota de falar. Já viu essa 
parada de medo de falar? Medo de pedir? Medo de se declarar? Medo de viver? Porra, a vida já é curtinha, curtinha, e a gente ainda perde tempo com essas bobagens de medo. Quando formos embora não levaremos nem o corpo que nossa alma usa. Nem o corpo, nem os medos. Chega de medo. A partir de agora vou parar de ter medo de fazer as coisas que eu gosto. Pra começar vou sentir o vento do outono bater na bunda. Isso mesmo. Vou correr pelada!

Eis uma definição que soa bem


ATENÇÃO:



Tirei férias do corpo porque cansei da sua rotina
Hoje minha alma anda vagando vagabundeando por aí
Quem encontrá-la por favor não devolva
Ela está feliz.

Da lágrima ao passo




Diz pro coração que o abandono é normal
Diz pra alma que o coração é capaz de entender
Acalente e console o corpo desolado e incoerente
Viva a vivacidade da dor, perder
Guarda a lágrima no bolso. Acene.

Cores ônix

   Tem cor nesses olhos. Ah, se tem. Diz que é sem graça porque é preto. Mas ah como tem cor nesses olhos! Aquele “azul da cor do mar” soa cafona. Verde cor-de-não-sei-o-quê não cai bem. Teu olho é preto e que grandes ônix. Mas ah que cores. Cabe um espectro, um reflexo, um suspiro, um respiro, um fôlego! Ah, como são as cores dos teus olhos…

Dia da mentira

Não preciso do 1º de abril.
1º de abril me atormenta todos os outros 364 dias do ano nos 17 anos e 4 dias da minha vida.
Tô perdida.
Há algo tão errado nesse dia como nunca houve em todos os outros dias.
Tô ouvindo alguém dizer meu nome.
Meu nome tá escondido no 1º de abril, mas tão bem escondido que já até o esqueci.
Qual é mesmo meu nome?
Ah, sim. Meu nome é mentira.
Feliz primeiro de abril. O décimo sétimo dia do meu nome.


- Postado no dia 1º de abril, noutro blog poraí. 

Vivo bem pra sentir saudade


   Um amigo meu foi embora na semana passada. Me despedi dele no domingo e ele mudou seu continente na quinta. E só depois dele ir que senti o quanto odeio despedidas, o quanto eu me apego à rotina e o quanto eu amo pessoas. Eu não estava tão próxima assim dele e já havia se passado um ano desde que a gente se abraçou com o sentimento de amigo, de vontade de ficar perto um do outro. Se ele ainda estivesse em Curitiba o domingo ainda seria o último dia em que nos tínhamos visto, entretanto, pensar que ele não mora mais aqui dói e faz com que eu sinta saudades. Faz com que eu pense nele. 
   Outro amigo meu foi embora no fim do ano passado. Mas ele não era bem um amigo. Acho que eu era apaixonada por ele, apaixonada assim, tipo ensino médio. Ele foi embora e eu achei até bom, não doeu tanto porque foi bom saber que ele estava longe de mim e que eu não corria risco de encontrá-lo por aí. Quando ele voltar minha paixão de ensino médio será substituída pelo afeto incondicional que ele merece, aquele que não passará de amizade. Tipo uma relação de um recém curado do vício do álcool com uma garrafa de vinho caro. Fica só ali, olhando, amando, admirando, mas já não deseja possuí-la. 
   Desculpa a divagação. É que eu só queria falar da saudade. Sinto saudade mais que amor e talvez eu já tenha até me acostumado. Eu estou bem assim, eu acho. 
Amém.

Inverno

   É tão bom caminhar na beira do mar de chinelo e bermuda, sentir o sol aquecer as costas, tomar sorvete rápido para não derreter, sentir a areia quente nos pés, arrumar o cabelo que nunca vai ficar arrumado por causa da brisa a praia. Ouvir bossa nova e rir para o desconhecido que passa longe, deitar e fechar os olhos para ouvir o barulho do mundo. Mas que droga. Tá chovendo. 

Válvula

   Não sei fazer poesia, não sei rimar, não ser fazer prosa, não sei arrumar estrofes. Mal sei escrever. Aí está minha agonia: sentir tanto quanto o poeta e não saber escapar pelas palavras.

Nada para se ler.

   Casa vazia, janela aberta. 
   No pátio caía uma chuva fina, fina como as lágrimas. 
   Fiquei pensando se talvez as Nuvens, apaixonadas desiludidas pelo Céu Azul não tomaram seu lugar e choraram. Talvez estivessem se sentindo traídas pelo sol. O Sol e o Céu Azul formam uma combinação mais provável, mais bonita, mais agradável. Não que Céu Azul e Nuvens não combinem, mas há quem diga que as nuvens sujam a paisagem agradável de um perfeito céu de brigadeiro; que convenhamos, fica ainda mais lindo com uma esfera dourada e irradiante. As Nuvens ficaram fartas, cheias, cinzas, chorosas; atrapalhou o dia de muita gente. Alguns não foram passear no parque, o trânsito ficou mais caótico, ninguém pode ver as cores, porque o Céu Azul se escondeu com o Sol e tudo que se pode ver foram nuvens cinzas que, agora no minúsculo, não fazem mais que choramingar fino.