sábado, 10 de agosto de 2013

A história do "tem que deixar ir"

   Eu tinha dois passarinhos, um gatinho e um cachorrinho.
   Mantinha todos presos em gaiolinhas e cada vez que eles tentavam fugir eu enchia de armadilhas para que eles acabassem se machucando e voltassem para mim, acreditando que fora dos meus cuidados eles seriam maltratados pelo mundo.
   Um dia eu levei uma bronca; me disseram que quanto mais eu trancava as portas das gaiolinhas, menos eu realmente os tinha.
   Então numa noite eu fui dormir sem trancar as gaiolinhas e os passarinhos e os gatinhos fugiram. O cachorrinho não, o cachorrinho ficou. Foi direto para minha cama dar lambidinhas no meu rosto. Eu pensei que era para me avisar que os outros tinham fugido, mas não, ele só queria dizer que ele estava ali para sempre se eu quisesse.
   O gatinho sumiu por uns tempos, depois voltou. Não sei o porquê, mas voltou. E eu realmente percebi que o amava e que sentia sua falta. Ainda sinto quando ele some por um tempo (ele sempre vai embora para depois voltar).
   Os passarinhos não. Os passarinhos não voltaram.
   Mas eu só pude comprovar nessa história é que é verdade que tudo que a gente joga no mar, e que pertence à gente, Iemanjá devolve. Mas não porque a gente possui, mas porque a gente ama.

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