quinta-feira, 18 de julho de 2013

A lua na janela

   Quando eu era bem pequena a professora me mostrou um poema do Leminski. Ali começou meu amor pela poesia, eu acho. O problema é que aquele lá me perturbou. Eu sempre achei que fosse a estrela do poema. Sozinha e sem brilho, dessas que se apagar, ninguém vai dizer: "que pena!". Todas as noites eu ia dormir chorando por causa da estrelinha que era sozinha. E quando eu a imaginava era eu quem eu via solitária no negro espaço. Eu queria abrir a janela e pular para alcançá-la. E por várias vezes eu cheguei a sair da cama e afastar as cortinas. Uma vez eu contei essa história para um amigo e ele me disse: não seja boba, você é a lua. Não é, LUAna? Aí veio o apelido Lua. Toda vez que ele se dirigia a mim, ele me chamava de "minha Lua" e quando brigávamos ele me chamava de estrela. Que coisa mais horrível pra se chamar alguém!
É que no fundo
a gente sabia
que toda a luz que eu tinha
também cabia numa janela.

A LUA NO CINEMA

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava pra ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
- Amanheça, por favor!

Paulo Leminski.

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