Barriga para cima, o vento mais gelado do ano, às três e quarenta e quatro da madrugada. Escalamos o muro e deitamos no telhado para ver o céu de estrelas que significava que em breve a geada cairia. Bolsas de água quente, grossas cobertas e dois corações ardendo em febre. O ar da noite de inverno era cortante, mas estávamos derretendo, como sempre. Vinte minutos e nós nem reparamos no céu. Era mais interessante amar no teto. A impressão era que o mundo era nosso e os nossos murmúrios coléricos faziam parte das explosões das estrelas. O mundo não era nosso, afinal, nós é que éramos o mundo.
A Lua era só metade naquela noite e ouvi como um sussurro "ela é a coisa mais misteriosa que temos, mais que o Sol" e respondi que o motivo de minhas poesias era seu lado oculto.
"Eu sou seu lado oculto, Lua"
E era mesmo.
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