Já era tarde e eu andava sozinha numa rua pouco movimentada, até as luzes pareciam falhar quando eu passava, mas a noite era agradável e o ar era morno.
Eu andava a passos rápidos quando o vi, veio gingando de leve, sorriso solto, empurrando a bicicleta, a jaqueta aberta até o umbigo, calça jeans e tênis. Parou e acendeu um cigarro. Já ensaiei um boa noite", vai que cola, não é?
Então ele me viu e eu já fiquei toda eufórica, quase sorri, mas vamos manter a dignidade. Veio se aproximando devagar, sem tirar os olhos de mim. Quando estava há poucos metros tirou alguma coisa do bolso interno da jaqueta e disse:
- Boa noite, moça.
- Boa noite. - murmurei, tímida.
Então alguma coisa gelada encostou na minha barriga quente e eu ouvi entre sussurros bem perto do meu ouvido:
- Se gritar ou correr vai tomar facada. Passa o celular e o dinheiro.
E este foi o primeiro homem que roubou meu coração. E o dinheiro da janta do dia seguinte.
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