domingo, 5 de junho de 2016

Saudade

Estive olhando sua imagem a noite toda... Ela dormindo assim tranquila na meia luz do abajur amarelo de seu quarto faz minha respiração ficar mais agitada, seu rosto redondo e claro emoldurado pelo emaranhado de cabelos escuros e a boca entreaberta me faz ter vontade de acordá-la e um amor enorme enche meu peito de orgulho por aquela mulher estar numa cama que eu posso chamar de nossa. Sorrio e beijo sua boca. Ela se mexe um pouco e sorri também. Ela está dormindo e talvez meu beijo tenha entrado em seus sonhos. Quase nem parece que o mundo desaba janela a fora, de chuva e de lágrimas. O aperto em meu peito deve ser só angústia por ter de enfrentar a segunda-feira daqui algumas horas. Uma segunda-feira chuvosa e gelada de quase-inverno. Vou ter que deixar aquela cama de edredom amarelo e lençol azul, quente como sua pele, com o calor do seu abraço e a preguiça na voz de quem diz: "acorda, amor, já tá na hora". Quando deito e me encaixo no seu corpo encolhidinho ela geme e corresponde à anatomia. A pele firme e macia me faz ter vontade de ficar naquele peito pra sempre, seu perfume de creme hidratante e suor me faz ter arrepios na boca do estômago e fecho os olhos para gravar a lembrança, porque de repente sei que ela não está ali. O cheiro do quarto é gelado e não tem ninguém comigo. Sonhei de novo. Ela não está aqui. 

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