terça-feira, 19 de novembro de 2013

Mon cher diary

   Um horizonte reto, uma linha tão reta quanto minha vida era torta, o mar ia e vinha, as ondas cobriam os castelos de areia e voltavam. Já era tarde, o sol e as crianças já davam lugar ao tom azul claro do fim do dia e aos casais que sentavam em pontos isolados da praia. Era óbvio que ali, sozinha, minha mente viajaria quilômetros até chegar a você. Claro que viajaria.
   Tinha dois guris sentados há poucos metros de mim e até eu lembrar de você, eles tocavam reggae no violão. Então, no mesmo instante em que o céu começou a ficar laranja, que minha mente divagou, eu ouvi Pink Floyd. Nem preciso dizer que música era. 
   Meus joelhos já estão doloridos e minha vista turva, exatamente como naquela sexta-feira de praia. O problema é que agora eu estou vivendo numa eterna fadiga, na qual os sonos nunca me são suficientes, a água não sacia a sede e a comida não me mata a fome. Eu estou num labirinto, moço, eu não sei a saída. Me sinto nesse labirinto sendo guiada por você e estou vendada; cada vez que tento soltar sua mão, você me resgata e eu ainda não sei se isso é bom, porque eu não sei onde você está me levando. E apenas segurar sua mão não é suficiente.
   Eu sou inconstante, mas mudei isso por você, na verdade a mudança foi inconsciente. Quando eu vi, pela primeira vez na minha vida, eu tinha certeza do que estava sentindo. Retomando, eu sou inconstante, mas odeio a inconstância que sinto em você. As fotos estão espalhadas pelo quarto num dia escuro de chuva e eu quero me libertar desta situação, estou com você mesmo que você esteja muito longe e então eu fujo pro meu mundo onde eu consigo nos definir. Mas como fugir? Como não querer todo o céu quando você já tem as estrelas?

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